Eu costumava dizer que a última coisa que eu queria era escrever para crente. Na minha cabeça, quem estava na igreja deveria buscar sozinho intimidade com Deus, pois já conhecia a Palavra. Eu acreditava que se tivesse algum dia de escrever sobre Jesus, teria de escrever para quem não o conhecesse, para apresentar Jesus aos de fora da igreja, afinal de contas, fomos chamados para isso.

Meu raciocínio não estava de todo errado. Eu via os blogs cristãos e eles eram feitos para um grupinho fechado, escritos em evangeliquês, como se estivessem evangelizando os não-cristãos, mas utilizando-se de linguagem evangélica, e eram (obviamente) lidos apenas por evangélicos (por alguns, os que tinham saco para textos em evangeliquês arcaico), comentados por evangélicos, e aquelas palavras não surtiam efeito algum para ninguém, pois não chegavam ao público-alvo e não faziam diferença nem para os que as escreviam, nem para os que liam. Era um processo bastante esquisito, mas eu via os crentes se fechando em guetos, porque é bem mais fácil ser crente no meio de crente, né não? Duro é ser crente o suficiente para viver como uma pessoa normal no meio de não-cristãos e mostrar o caráter de Cristo de verdade, sem falar evangeliquês.  As pessoas sabem ser religiosas, mas são poucas as que sabem ser cristãs de verdade.

Então me encontro em um determinado momento de minha vida em que Deus me colocou em um cantinho. Não tenho como fugir mais. Porque enquanto eu estive fugindo e negando o que Ele queria que eu fizesse, só me dei mal. Tenho visto o quanto as pessoas dentro das igrejas evangélicas estão dependentes espiritualmente, presas à religiosidade, presas ao “formato de crente”, achando que as coisas de Deus são para dentro da igreja, e lá fora é lá fora.

Tem me incomodado muito ver gente que se diz cristã e quando abre a boca deixa claro que não faz a menor idéia do que isso significa, pois continua escrava da situação, escrava dos problemas, escrava da ansiedade, escrava do medo, escrava do desânimo, escrava do sentimentalismo, escrava da gangorra emocional. “Para a liberdade foi que Cristo vos libertou”, porém existe muita gente achando que foi liberta, mas que continua a arrastar correntes pelos seus dias.

Eu mesma já estive nessa situação, pois tendo nascido em lar cristão e crescido em Escola Bíblica Dominical, passado por vários retiros espirituais, por gincanas bíblicas que me ensinaram a desembainhar a Espada, um, dois, três! E decorado centenas de versículos bíblicos, musiquinhas cristãs para todas as idades, visitado várias denominações evangélicas e mudado três vezes de igreja, já tive cargos dentro das igrejas, já fui obreira, já fui “tia” da escolinha das crianças, participei de diversas peças de teatro, de grupo de dança, de corais, já fiz limpeza na igreja, já estive na área administrativa, e também já passei anos sem fazer absolutamente nada dentro da igreja. Também passei por períodos em que ia à Igreja só quando dava, quando eu não estava cansada, quando não estava chovendo, quando eu não estava com preguiça, ou doente. Nisso acabei ficando mais de um ano praticamente sem ir à igreja. Ia apenas para cumprir uma obrigação, mas achava que não era necessário, pois eu buscava a Deus em casa.

Ou seja, já passei por praticamente todas as fases de uma pessoa dentro da igreja, e um dia me dei conta de que não estava tendo a “Vida abundante” que Jesus promete em uma daquelas passagens Bíblicas que decorei. Onde estava o erro? Onde eu, tão sincera e dedicada a Deus, estava errando? Em determinado momento fui obrigada a revisar a tal sinceridade e dedicação e me dei conta do quanto estava sendo negligente e de que eu precisava buscar a Deus como se não o conhecesse. Esquece, Vanessa, que você tem quase trinta anos de igreja, porque isso não vale nada. Sorry, mas nada do que você faz ou já fez dentro da igreja faz alguma diferença para Deus se o seu coração e sua vida não estiverem 100% nas mãos dele.

Lá fui eu, começar do zero. E durante essa caminhada, me dei conta de quantas pessoas estão naquela situação. E depois de ter minha vida transformada por essa simples mudança de atitude percebi que preciso, sim, falar aos crentes, até por perceber que tem muita gente dentro da igreja mais perdida do que grande parte do pessoal no mundo. Se houver ao menos um realmente sincero, que esteja verdadeiramente interessado em saber em quê exatamente está errando e quiser ser a pessoa que Deus quer que ele seja, já valeu a pena.

Usarei este blog, a partir de hoje, também para passar a Palavra que Deus tem dado a mim. O que você, leitor, fará com essa informação, já não é da minha alçada, é contigo. Mas se você realmente quer ser um cristão de verdade, prepare-se, pois não é nem um pouco difícil…e por isso mesmo, não é nada fácil.


PS: Não espere evangeliquês porque eu não falo essa língua. Não espere definições teológicas e palavras em grego, que não tenho a menor intenção de complicar o que é simples.  Meu compromisso com vocês, agora, é diário. Todos os dias colocarei um texto novo a respeito do que é ter vida com Deus. E não espere também linguagem rebuscada, ou aparência de santidade. Tiremos, por favor, essas frescuras de nosso meio, pois as coisas são bem simples, bem práticas, concretas. Mas vá por mim, vale muito, muito a pena aprender assim.

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