Month: October 2009

O Terceiro Segredo e eu

Como já temos comentado nos artigos anteriores, estamos, no discipulado, com o propósito dos Doze Segredos para um Novo Coração. O primeiro segredo foi a entrega total, o segundo, a obediência. O terceiro, para completar essa tríade básica, é a Sinceridade. O texto bíblico base para esse segredo está no capítulo 29 do livro de Isaías, mais especificamente o versículo 13.

“O SENHOR disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu”

O Pastor Fábio ressaltou a importância de uma vida cristã genuína, transparente, verdadeira. Temos de ser verdadeiros com Deus, e o resultado da nossa vida reflete a nossa comunhão com Deus. O temor de que fala o texto é o respeito, a consideração para com Deus. Se a sua consideração baseia-se apenas nos cerimoniais que você aprendeu na igreja: você se batiza, toma ceia, entrega o dízimo, muda a linguagem e os trejeitos, mas não entregou o seu coração, de verdade, integralmente, a Deus, nada do que você faz aqui vale, pois será vazio. Eu posso fazer valer o que aprendo aqui ou não, o segredo está no coração.

Como sempre, o Pastor Fábio ilustrou a mensagem com exemplos, explicando de tal forma que, quem estava ali para aprender de verdade, nunca mais esquecerá. Dou graças a Deus porque foi essa personalidade bem humorada desse homem de Deus que o Senhor usou para me acordar espiritualmente, quando comecei a frequentar as reuniões do discipulado, pois sempre que ele me faz rir, também me faz pensar e isso é tão forte que a palavra dita se agarra ao meu coração e à minha mente, para sempre. A cada quinta-feira Deus solidifica uma direção certeira para transformar meu coração de uma vez por todas e me fazer ser a pessoa que Deus quer que eu seja, finalmente.

O terceiro segredo me fez ver algo que eu até já desconfiava, mas que não havia pensado dessa maneira. É bom quando conseguimos entender, conscientemente, o que estávamos fazendo de errado, pois à medida em que vem para a consciência, você tem condições de ver o que estava fazendo de ruim e escolher não fazer mais, identificando sempre que o mal aparecer com aquela sugestão em sua vida. Assim também são as coisas boas. Não adianta só conseguir fazer a coisa certa de vez em quando. Por exemplo, meu esposo certa vez esteve na UTI entre a vida e a morte. Na hora eu usei uma fé que tirei não sei de onde, determinei que ele sairia dali com vida e em tempo recorde (4 dias) ele já estava no quarto, fora de risco. Maravilha, né? Bem, sim e não. Maravilha, porque ele sobreviveu, Deus deu o livramento. Mas nem tão maravilha, porque passado aquele momento de horror, eu já não sabia exatamente como fazer para ativar aquela fé que me trouxera o resultado. Por quê? Porque ela não era consciente. Somente agora aprendi, conscientemente, como é que se aciona esse mecanismo da fé, como Deus espera que seja nossa reação aos problemas e situações, para que Ele possa estender a mão e nos trazer o socorro, o livramento, a vitória.

Voltando ao assunto, o terceiro segredo contou a história da minha vida e da minha família. Como já comentei em artigos anteriores, eu nasci em lar evangélico, a mãe da minha avó se converteu em mil oitocentos e alguma coisa (é sério), lá no interior da Bahia, que foi onde minha avó nasceu. Essa minha bisavó sofreu perseguições pelo evangelho, ela realmente teve experiência com Deus, ainda que não tivesse muita informação. Desceu, na fé, com os filhos, da Bahia até Mato Grosso, buscando uma vida melhor. Ignorando o fato de ser mulher, viúva, sozinha, mãe de três filhos, comprou uma pensão e a administrava. Prosperou e era uma pessoa feliz. O testemunho da família pára por aí. Daí para diante, a história gira mais em torno de formalidades religiosas do que de vida com Deus. Havia, em algumas pessoas, uma grande vontade de viver para as coisas de Deus, mas a família se embrenhou em uma religiosidade vazia, que nos fez viver naquela gangorra espiritual da qual já comentei: altos e baixos, vida amarrada, casamentos destruídos, pessoas infelizes, enfermidades recorrentes, pessoas carregando nos ombros peso desnecessário.

Foi assim, religiosa, que cheguei, há dez anos, na igreja universal, e vivi por muito tempo com o alicerce torto que trouxe da minha vida religiosa anterior, e tentei construir algo sólido sobre aquele alicerce. Obviamente, sem sucesso (só funcionou quando derrubei todo aquele alicerce e fiz de novo). E durante a reunião de quinta-feira eu me dei conta de qual foi meu maior erro nessa caminhada, o que me tirou da obra (fui levantada a obreira meses após chegar na igreja) e que me fez andar em círculos por tanto tempo, antes de eu acordar, de verdade. Lembro que eu tinha um certo receio de voltar a estudar, a escrever e dar mal testemunho, e as pessoas falarem que “ah, olha o que a obreira da Igreja Universal disse/escreveu/fez”, porque eu sabia que tinha um temperamento difícil e que acabaria brigando com alguém na primeira oportunidade. Ao invés de buscar libertação para o temperamento complicado, eu me acomodei e usei isso como mais uma desculpa para justificar o fato de ter deixado entrar no meu coração uma bobagem dita por outra obreira (que eu deveria passar mais tempo na igreja, de uniforme, ou estaria fazendo a obra relaxadamente), esfarrapando mais ainda a desculpa já esfarrapada que na verdade escondia meu medo e minha falta de compromisso com Deus. É isso aí, meus amigos, porque eu cheguei desta vez na igreja da mesma forma que cheguei da vez passada, com o mesmo temperamento difícil. Mas no primeiro mês de discipulado, me dispondo de verdade a mudar isso, Deus transformou meu temperamento. Facinho assim. Por que raios eu não fiz isso antes?

A reunião de quinta-feira me respondeu: faltava sinceridade. Eu era um vaso rachado, todo trincado, esquisitinho, tascava uma tinta e uma cera por cima, disfarçava daqui e dali, como tantas outras pessoas (arrisco-me a dizer: a maioria) nas igrejas de todo o mundo. Achando que fez sua parte só porque foi à igreja, só porque ora antes de dormir, só porque sabe de cor vários versículos da Bíblia, só porque sabe a posição dos livros dentro da Bíblia e encontra “Sofonias” sem grandes dificuldades. Acha que está arrebentando só porque sabe a diferença entre o Vale de Sal e a Corrente dos 70, só porque já foi obreira, já serviu a santa ceia, já expulsou demônio (ou ainda o faz), sabe os nomes dos livros da Bíblia em hebraico e tem a Bíblia toda rabiscadinha de estudos devocionais. Começa a achar que sabe muita coisa e vai adaptando a Palavra de acordo com sua necessidade. A hipocrisia é um caminho largo e pelo qual é fácil de se enveredar (acho que tem uns demônios que já assistiram a séculos de faculdades teológicas e são experts em direcionar corações que estão longe de Deus à hipocrisia, bastando conseguir espaço na falta de disposição para a entrega total, na falta de disposição de ser humilde e se submeter a Deus).

Negar a si mesmo e se entregar de coração, totalmente, corpo, alma, espírito, vontades, etc. É essencial para quem quer ter vida. Mas é primordial entender a importância disso, a importância de se ter uma vida com Deus, porque o orgulho nos leva a achar que não podemos demonstrar fragilidade diante das pessoas. É um dos maiores enganos, achar que eu tenho uma imagem de cristão a zelar e não posso assumir o que está dentro de mim. Meu amigo, o fato de assumir que precisa de Deus não é mostrar fragilidade diante das pessoas, mas é, sim, humilhar-se perante Deus. Não deixe o diabo te enganar! Você vai passar a vida posando de cristão e depois verá que tudo foi em vão, quando descobrir que seu fim será no lago de fogo. Vale a pena? Meu problema com o inferno nem é o fogo, nem é o enxofre, o verme que nunca morre, o fogo que não se apaga, etc. Mas ficar longe de Deus! Longe da Presença que me traz sentido para a vida! Vale a pena perder isso por uma aparência diante dos homens? A hora é agora, de jogar fora toda a bagagem que não te serviu para nada e entrar diante de Deus, com humildade e sinceridade. Permitir ser quebrado, esmigalhado e desfeito, desmanchado e refeito, como vaso de honra, sem cera, perfeito e agradável.

Quando entendi que por muito tempo fui falsa com Deus, não sendo sincera, reafirmei o compromisso de sinceridade que fiz com Ele, entregando toda a minha vida, mais uma vez. Não me importo em falar que fui falsa com Deus por muito tempo, pois não fazia isso de propósito, conscientemente, pelo contrário, fazia achando que estava fazendo o máximo, embora no fundo, no fundo, soubesse que faltava muito ainda a entregar, pois eu não estava disposta a pagar o preço (aí entramos naquela parte do salmo 81, da semana passada: “assim, deixei-o andar na teimosia do seu coração: siga seus próprios conselhos”, foi o que Deus fez comigo). Não me importo em falar, pois sei que Deus me levantou do buraco em que me enfiei (estando na igreja…) para mostrar àqueles que estão dormindo dentro da igreja, que é hora de acordar, que aceitar a Jesus é só o começo, não é toda a caminhada. E o quanto é fácil enveredar pelos caminhos da religiosidade, da falta se sinceridade, da hipocrisia, mesmo sendo – aparentemente – um bom cristão. Vigiar, o tempo todo. Humildade e vigilância, é o que precisamos aprender a desenvolver, diariamente, pois nossa caminhada nesta Terra é na guerra, na batalha, e não podemos esmorecer, nem esfriar, nem desanimar, muito menos dormir e começar a cumprir mandamentos de homens, maquinalmente, mecanicamente, sonambulamente, achando que isso justifica alguma coisa.

Aguardo o quarto segredo, pois sei que Deus irá solidificar mais algum ensinamento prático, para estruturar minha vida espiritual e efetivamente criar em mim um novo coração.

Publicado em: http://www.discipuladors.com.br/heroisdafe/

Obedecer é melhor do que sacrificar

O segundo segredo para um novo coração, apresentado no discipulado na última quinta-feira, como sempre, me fez pensar. Eu costumo buscar absorver o máximo possível da Palavra que Deus me apresenta, pois sei que só assim Ele conseguirá transformar tudo o que precisa ser transformado em mim. Não posso ficar passiva, esperando que as coisas se modifiquem sem que eu precise fazer o mínimo esforço. Pelo contrário, Deus me dá a direção, e eu tenho de me certificar de que ela foi totalmente compreendida e absorvida, para que aquela palavra seja parte de mim, e assim eu garanto que não me apartarei dela jamais.

Meditando no que ouvimos na quinta-feira, me lembrei dessa passagem bíblica que costuma ser muito mal interpretada por aí. Em I Samuel 15:22, o profeta Samuel dá um baita puxão de orelha no rei Saul, que desobedeceu a palavra do Senhor (Deus mandou ele destruir todo o povo de Amaleque, ele não poderia deixar vivo nem os animais. Ele então matou todo mundo, exceto o rei Agague e o melhor dos rebanhos. E depois ainda deu a desculpa de que era para sacrificar ao Senhor). Saul já havia se habituado ao posto de rei e, como se diz por aí, o poder lhe havia “subido à cabeça”. Ele destruía os inimigos e já começou a achar que era ele quem fazia alguma coisa, e que não precisava se submeter a Deus, nem ao profeta. Começou a fazer uma bobagem atrás da outra, até que Deus se arrependeu de tê-lo ungido rei sobre Israel, começou a procurar coisa melhor e encontrou Davi. No momento em que Deus se arrependeu de ter escolhido Saul, Ele mandou Samuel ir falar com o rei, para anunciar a Saul o que Deus havia pensado daquilo.

Chegando lá, Saul, totalmente sem-noção, ainda teve a capacidade de dizer que havia executado as palavras do Senhor (v.13). Deus disse que não era para ele poupar nada, e ele poupou ao rei e ao melhor do rebanho. Ele fez pela metade, e ainda se gabava de ter feito o que Deus havia mandado. Depois de um certo tempo na igreja, começamos a nos acomodar e corremos o risco de fazer como Saul: achamos que temos uma espécie de sociedade igualitária com Deus e nos damos o direito de alterar a direção dele ao que nos é mais conveniente. Então passamos a “adaptar” as coisas na igreja, dizendo (para nós mesmos) que “não é bem assim”. Obedecemos pela metade, achando que estamos cumprindo a Palavra de Deus. Ora, obedecer uma parte é desobedecer totalmente. Porque quem desobedece uma parte, desobedece tudo. Queremos que Deus e a igreja se adaptem ao nosso jeito e ao nosso estilo de vida, e depois ainda reclamamos por não conseguir alcançar o resultado prometido. Muita gente chega ao cúmulo de culpar a igreja, de culpar até mesmo Deus, sem conseguir olhar para as próprias responsabilidades.

Saul se justifica no versículo 15, dizendo que poupou o melhor do gado para sacrificar ao Senhor, mas depois, no versículo 24, ele assume que na verdade não quis destruir o melhor do gado porque temeu o povo e preferiu ouvir à sua voz (provavelmente eles não quiseram abrir mão de levar despojos daquela batalha, e Saul preferiu agradar ao povo do que agradar a Deus, esquecendo que o reinado dele dependia do Senhor, e não do povo), ou seja, ele escolheu colocar outra coisa (no caso, o povo, o prestígio político) no lugar do Senhor, e ainda arranjou uma desculpa esfarrapada aparentemente “santa” para a desobediência. Assim também fazemos, quando nos afastamos de Deus e nos aproximamos da religiosidade vazia: esquecemos que nosso futuro e nossa vitória dependem de Deus, queremos fazer as coisas do nosso jeito, na força do nosso braço, e ainda damos desculpas esfarrapadas banhadas a religiosidade, para parecer que aquela desobediência (porque estamos nos colocando no lugar de Deus, o jogando para escanteio, sem querer admitir isso) é algo sublime, santo, sagrado, e ai de quem disser o contrário!

Então Samuel diz o que Deus pensa a respeito disso: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.” (I Samuel 15:22) Isso é muito forte! Primeiro, isso não quer dizer que Deus não queira sacrifícios, muito pelo contrário! Sabe por que o obedecer é melhor do que sacrificar? Porque obedecer é o maior sacrifício! Não era sacrifício para Saul oferecer bois e ovelhas ao Senhor (até porque aqueles bois e ovelhas nem eram dele), mas tanto era sacrifício para ele engolir seu orgulho, sujeitar-se a Deus e enfrentar a ira do povo, não deixando que ninguém levasse aquele gado gordo e bom com vida, como Deus ordenara, que ele não teve coragem de fazer! O maior sacrifício, meu amigo, é negar a sua vontade, é negar a si mesmo e obedecer a Deus, independente do que Ele te pede para fazer. Foi esse o maior erro de Saul, ele escolheu não negar a si mesmo. Essa é a cruz que Jesus nos manda carregar, é esse o maior sacrifício: a obediência irrestrita. Deus não se importa com a oferta que você dá se a maior de todas as ofertas você não quiser fazer: entregar o seu coração, a sua vida e a sua vontade nas mãos dele. Porque se Ele puder contar com a sua obediência irrestrita, sua oferta, aí sim, será verdadeira.

Essa é a primeira e irrevogável condição de Tiago 4:7 “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Geralmente a gente só lembra da segunda parte, que está depois do ponto e vírgula. Porém, a primeira parte é necessária para que consigamos cumprir a segunda: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus”. Sujeitar-se a Deus é obedecer, sem reservas, sem querer “dar um jeitinho”, porque com Deus não tem isso, o caminho dele é reto, com Ele o sim é sim e o não é não e ponto final. Se você não está disposto a sujeitar-se a Deus, a obedecer, a negar a si mesmo e a tomar a sua cruz, não tem como seguir a Jesus. Ele não nos dá opção, ele exige entrega total. Este, aliás, é o primeiro segredo, que foi passado na quinta-feira da semana passada. Vê como realmente uma coisa é sequência da outra. E se você quiser saber o que mais Deus espera de nós (e saber como Ele pensa e o que Ele quer é necessário para que você possa obedecer, não é?), não esqueça de buscar o terceiro segredo na quinta-feira, na Catedral da Fé, na reunião do Discipulado. É a oportunidade que Deus te dá, pois conforme aprendemos na semana passada, Ele quer se mostrar forte na vida daquele cujo coração é totalmente dele. Se seu coração for totalmente dele, você vai obedecer, e se Deus se mostrar forte em sua vida, meu amigo, qual problema poderá resistir?


Originalmente publicado no Site do Discipulado