Como já temos comentado nos artigos anteriores, estamos, no discipulado, com o propósito dos Doze Segredos para um Novo Coração. O primeiro segredo foi a entrega total, o segundo, a obediência. O terceiro, para completar essa tríade básica, é a Sinceridade. O texto bíblico base para esse segredo está no capítulo 29 do livro de Isaías, mais especificamente o versículo 13.

“O SENHOR disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu”

O Pastor Fábio ressaltou a importância de uma vida cristã genuína, transparente, verdadeira. Temos de ser verdadeiros com Deus, e o resultado da nossa vida reflete a nossa comunhão com Deus. O temor de que fala o texto é o respeito, a consideração para com Deus. Se a sua consideração baseia-se apenas nos cerimoniais que você aprendeu na igreja: você se batiza, toma ceia, entrega o dízimo, muda a linguagem e os trejeitos, mas não entregou o seu coração, de verdade, integralmente, a Deus, nada do que você faz aqui vale, pois será vazio. Eu posso fazer valer o que aprendo aqui ou não, o segredo está no coração.

Como sempre, o Pastor Fábio ilustrou a mensagem com exemplos, explicando de tal forma que, quem estava ali para aprender de verdade, nunca mais esquecerá. Dou graças a Deus porque foi essa personalidade bem humorada desse homem de Deus que o Senhor usou para me acordar espiritualmente, quando comecei a frequentar as reuniões do discipulado, pois sempre que ele me faz rir, também me faz pensar e isso é tão forte que a palavra dita se agarra ao meu coração e à minha mente, para sempre. A cada quinta-feira Deus solidifica uma direção certeira para transformar meu coração de uma vez por todas e me fazer ser a pessoa que Deus quer que eu seja, finalmente.

O terceiro segredo me fez ver algo que eu até já desconfiava, mas que não havia pensado dessa maneira. É bom quando conseguimos entender, conscientemente, o que estávamos fazendo de errado, pois à medida em que vem para a consciência, você tem condições de ver o que estava fazendo de ruim e escolher não fazer mais, identificando sempre que o mal aparecer com aquela sugestão em sua vida. Assim também são as coisas boas. Não adianta só conseguir fazer a coisa certa de vez em quando. Por exemplo, meu esposo certa vez esteve na UTI entre a vida e a morte. Na hora eu usei uma fé que tirei não sei de onde, determinei que ele sairia dali com vida e em tempo recorde (4 dias) ele já estava no quarto, fora de risco. Maravilha, né? Bem, sim e não. Maravilha, porque ele sobreviveu, Deus deu o livramento. Mas nem tão maravilha, porque passado aquele momento de horror, eu já não sabia exatamente como fazer para ativar aquela fé que me trouxera o resultado. Por quê? Porque ela não era consciente. Somente agora aprendi, conscientemente, como é que se aciona esse mecanismo da fé, como Deus espera que seja nossa reação aos problemas e situações, para que Ele possa estender a mão e nos trazer o socorro, o livramento, a vitória.

Voltando ao assunto, o terceiro segredo contou a história da minha vida e da minha família. Como já comentei em artigos anteriores, eu nasci em lar evangélico, a mãe da minha avó se converteu em mil oitocentos e alguma coisa (é sério), lá no interior da Bahia, que foi onde minha avó nasceu. Essa minha bisavó sofreu perseguições pelo evangelho, ela realmente teve experiência com Deus, ainda que não tivesse muita informação. Desceu, na fé, com os filhos, da Bahia até Mato Grosso, buscando uma vida melhor. Ignorando o fato de ser mulher, viúva, sozinha, mãe de três filhos, comprou uma pensão e a administrava. Prosperou e era uma pessoa feliz. O testemunho da família pára por aí. Daí para diante, a história gira mais em torno de formalidades religiosas do que de vida com Deus. Havia, em algumas pessoas, uma grande vontade de viver para as coisas de Deus, mas a família se embrenhou em uma religiosidade vazia, que nos fez viver naquela gangorra espiritual da qual já comentei: altos e baixos, vida amarrada, casamentos destruídos, pessoas infelizes, enfermidades recorrentes, pessoas carregando nos ombros peso desnecessário.

Foi assim, religiosa, que cheguei, há dez anos, na igreja universal, e vivi por muito tempo com o alicerce torto que trouxe da minha vida religiosa anterior, e tentei construir algo sólido sobre aquele alicerce. Obviamente, sem sucesso (só funcionou quando derrubei todo aquele alicerce e fiz de novo). E durante a reunião de quinta-feira eu me dei conta de qual foi meu maior erro nessa caminhada, o que me tirou da obra (fui levantada a obreira meses após chegar na igreja) e que me fez andar em círculos por tanto tempo, antes de eu acordar, de verdade. Lembro que eu tinha um certo receio de voltar a estudar, a escrever e dar mal testemunho, e as pessoas falarem que “ah, olha o que a obreira da Igreja Universal disse/escreveu/fez”, porque eu sabia que tinha um temperamento difícil e que acabaria brigando com alguém na primeira oportunidade. Ao invés de buscar libertação para o temperamento complicado, eu me acomodei e usei isso como mais uma desculpa para justificar o fato de ter deixado entrar no meu coração uma bobagem dita por outra obreira (que eu deveria passar mais tempo na igreja, de uniforme, ou estaria fazendo a obra relaxadamente), esfarrapando mais ainda a desculpa já esfarrapada que na verdade escondia meu medo e minha falta de compromisso com Deus. É isso aí, meus amigos, porque eu cheguei desta vez na igreja da mesma forma que cheguei da vez passada, com o mesmo temperamento difícil. Mas no primeiro mês de discipulado, me dispondo de verdade a mudar isso, Deus transformou meu temperamento. Facinho assim. Por que raios eu não fiz isso antes?

A reunião de quinta-feira me respondeu: faltava sinceridade. Eu era um vaso rachado, todo trincado, esquisitinho, tascava uma tinta e uma cera por cima, disfarçava daqui e dali, como tantas outras pessoas (arrisco-me a dizer: a maioria) nas igrejas de todo o mundo. Achando que fez sua parte só porque foi à igreja, só porque ora antes de dormir, só porque sabe de cor vários versículos da Bíblia, só porque sabe a posição dos livros dentro da Bíblia e encontra “Sofonias” sem grandes dificuldades. Acha que está arrebentando só porque sabe a diferença entre o Vale de Sal e a Corrente dos 70, só porque já foi obreira, já serviu a santa ceia, já expulsou demônio (ou ainda o faz), sabe os nomes dos livros da Bíblia em hebraico e tem a Bíblia toda rabiscadinha de estudos devocionais. Começa a achar que sabe muita coisa e vai adaptando a Palavra de acordo com sua necessidade. A hipocrisia é um caminho largo e pelo qual é fácil de se enveredar (acho que tem uns demônios que já assistiram a séculos de faculdades teológicas e são experts em direcionar corações que estão longe de Deus à hipocrisia, bastando conseguir espaço na falta de disposição para a entrega total, na falta de disposição de ser humilde e se submeter a Deus).

Negar a si mesmo e se entregar de coração, totalmente, corpo, alma, espírito, vontades, etc. É essencial para quem quer ter vida. Mas é primordial entender a importância disso, a importância de se ter uma vida com Deus, porque o orgulho nos leva a achar que não podemos demonstrar fragilidade diante das pessoas. É um dos maiores enganos, achar que eu tenho uma imagem de cristão a zelar e não posso assumir o que está dentro de mim. Meu amigo, o fato de assumir que precisa de Deus não é mostrar fragilidade diante das pessoas, mas é, sim, humilhar-se perante Deus. Não deixe o diabo te enganar! Você vai passar a vida posando de cristão e depois verá que tudo foi em vão, quando descobrir que seu fim será no lago de fogo. Vale a pena? Meu problema com o inferno nem é o fogo, nem é o enxofre, o verme que nunca morre, o fogo que não se apaga, etc. Mas ficar longe de Deus! Longe da Presença que me traz sentido para a vida! Vale a pena perder isso por uma aparência diante dos homens? A hora é agora, de jogar fora toda a bagagem que não te serviu para nada e entrar diante de Deus, com humildade e sinceridade. Permitir ser quebrado, esmigalhado e desfeito, desmanchado e refeito, como vaso de honra, sem cera, perfeito e agradável.

Quando entendi que por muito tempo fui falsa com Deus, não sendo sincera, reafirmei o compromisso de sinceridade que fiz com Ele, entregando toda a minha vida, mais uma vez. Não me importo em falar que fui falsa com Deus por muito tempo, pois não fazia isso de propósito, conscientemente, pelo contrário, fazia achando que estava fazendo o máximo, embora no fundo, no fundo, soubesse que faltava muito ainda a entregar, pois eu não estava disposta a pagar o preço (aí entramos naquela parte do salmo 81, da semana passada: “assim, deixei-o andar na teimosia do seu coração: siga seus próprios conselhos”, foi o que Deus fez comigo). Não me importo em falar, pois sei que Deus me levantou do buraco em que me enfiei (estando na igreja…) para mostrar àqueles que estão dormindo dentro da igreja, que é hora de acordar, que aceitar a Jesus é só o começo, não é toda a caminhada. E o quanto é fácil enveredar pelos caminhos da religiosidade, da falta se sinceridade, da hipocrisia, mesmo sendo – aparentemente – um bom cristão. Vigiar, o tempo todo. Humildade e vigilância, é o que precisamos aprender a desenvolver, diariamente, pois nossa caminhada nesta Terra é na guerra, na batalha, e não podemos esmorecer, nem esfriar, nem desanimar, muito menos dormir e começar a cumprir mandamentos de homens, maquinalmente, mecanicamente, sonambulamente, achando que isso justifica alguma coisa.

Aguardo o quarto segredo, pois sei que Deus irá solidificar mais algum ensinamento prático, para estruturar minha vida espiritual e efetivamente criar em mim um novo coração.

Publicado em: http://www.discipuladors.com.br/heroisdafe/

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