O segundo segredo para um novo coração, apresentado no discipulado na última quinta-feira, como sempre, me fez pensar. Eu costumo buscar absorver o máximo possível da Palavra que Deus me apresenta, pois sei que só assim Ele conseguirá transformar tudo o que precisa ser transformado em mim. Não posso ficar passiva, esperando que as coisas se modifiquem sem que eu precise fazer o mínimo esforço. Pelo contrário, Deus me dá a direção, e eu tenho de me certificar de que ela foi totalmente compreendida e absorvida, para que aquela palavra seja parte de mim, e assim eu garanto que não me apartarei dela jamais.
Meditando no que ouvimos na quinta-feira, me lembrei dessa passagem bíblica que costuma ser muito mal interpretada por aí. Em I Samuel 15:22, o profeta Samuel dá um baita puxão de orelha no rei Saul, que desobedeceu a palavra do Senhor (Deus mandou ele destruir todo o povo de Amaleque, ele não poderia deixar vivo nem os animais. Ele então matou todo mundo, exceto o rei Agague e o melhor dos rebanhos. E depois ainda deu a desculpa de que era para sacrificar ao Senhor). Saul já havia se habituado ao posto de rei e, como se diz por aí, o poder lhe havia “subido à cabeça”. Ele destruía os inimigos e já começou a achar que era ele quem fazia alguma coisa, e que não precisava se submeter a Deus, nem ao profeta. Começou a fazer uma bobagem atrás da outra, até que Deus se arrependeu de tê-lo ungido rei sobre Israel, começou a procurar coisa melhor e encontrou Davi. No momento em que Deus se arrependeu de ter escolhido Saul, Ele mandou Samuel ir falar com o rei, para anunciar a Saul o que Deus havia pensado daquilo.
Chegando lá, Saul, totalmente sem-noção, ainda teve a capacidade de dizer que havia executado as palavras do Senhor (v.13). Deus disse que não era para ele poupar nada, e ele poupou ao rei e ao melhor do rebanho. Ele fez pela metade, e ainda se gabava de ter feito o que Deus havia mandado. Depois de um certo tempo na igreja, começamos a nos acomodar e corremos o risco de fazer como Saul: achamos que temos uma espécie de sociedade igualitária com Deus e nos damos o direito de alterar a direção dele ao que nos é mais conveniente. Então passamos a “adaptar” as coisas na igreja, dizendo (para nós mesmos) que “não é bem assim”. Obedecemos pela metade, achando que estamos cumprindo a Palavra de Deus. Ora, obedecer uma parte é desobedecer totalmente. Porque quem desobedece uma parte, desobedece tudo. Queremos que Deus e a igreja se adaptem ao nosso jeito e ao nosso estilo de vida, e depois ainda reclamamos por não conseguir alcançar o resultado prometido. Muita gente chega ao cúmulo de culpar a igreja, de culpar até mesmo Deus, sem conseguir olhar para as próprias responsabilidades.
Saul se justifica no versículo 15, dizendo que poupou o melhor do gado para sacrificar ao Senhor, mas depois, no versículo 24, ele assume que na verdade não quis destruir o melhor do gado porque temeu o povo e preferiu ouvir à sua voz (provavelmente eles não quiseram abrir mão de levar despojos daquela batalha, e Saul preferiu agradar ao povo do que agradar a Deus, esquecendo que o reinado dele dependia do Senhor, e não do povo), ou seja, ele escolheu colocar outra coisa (no caso, o povo, o prestígio político) no lugar do Senhor, e ainda arranjou uma desculpa esfarrapada aparentemente “santa” para a desobediência. Assim também fazemos, quando nos afastamos de Deus e nos aproximamos da religiosidade vazia: esquecemos que nosso futuro e nossa vitória dependem de Deus, queremos fazer as coisas do nosso jeito, na força do nosso braço, e ainda damos desculpas esfarrapadas banhadas a religiosidade, para parecer que aquela desobediência (porque estamos nos colocando no lugar de Deus, o jogando para escanteio, sem querer admitir isso) é algo sublime, santo, sagrado, e ai de quem disser o contrário!
Então Samuel diz o que Deus pensa a respeito disso: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros.” (I Samuel 15:22) Isso é muito forte! Primeiro, isso não quer dizer que Deus não queira sacrifícios, muito pelo contrário! Sabe por que o obedecer é melhor do que sacrificar? Porque obedecer é o maior sacrifício! Não era sacrifício para Saul oferecer bois e ovelhas ao Senhor (até porque aqueles bois e ovelhas nem eram dele), mas tanto era sacrifício para ele engolir seu orgulho, sujeitar-se a Deus e enfrentar a ira do povo, não deixando que ninguém levasse aquele gado gordo e bom com vida, como Deus ordenara, que ele não teve coragem de fazer! O maior sacrifício, meu amigo, é negar a sua vontade, é negar a si mesmo e obedecer a Deus, independente do que Ele te pede para fazer. Foi esse o maior erro de Saul, ele escolheu não negar a si mesmo. Essa é a cruz que Jesus nos manda carregar, é esse o maior sacrifício: a obediência irrestrita. Deus não se importa com a oferta que você dá se a maior de todas as ofertas você não quiser fazer: entregar o seu coração, a sua vida e a sua vontade nas mãos dele. Porque se Ele puder contar com a sua obediência irrestrita, sua oferta, aí sim, será verdadeira.
Essa é a primeira e irrevogável condição de Tiago 4:7 “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Geralmente a gente só lembra da segunda parte, que está depois do ponto e vírgula. Porém, a primeira parte é necessária para que consigamos cumprir a segunda: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus”. Sujeitar-se a Deus é obedecer, sem reservas, sem querer “dar um jeitinho”, porque com Deus não tem isso, o caminho dele é reto, com Ele o sim é sim e o não é não e ponto final. Se você não está disposto a sujeitar-se a Deus, a obedecer, a negar a si mesmo e a tomar a sua cruz, não tem como seguir a Jesus. Ele não nos dá opção, ele exige entrega total. Este, aliás, é o primeiro segredo, que foi passado na quinta-feira da semana passada. Vê como realmente uma coisa é sequência da outra. E se você quiser saber o que mais Deus espera de nós (e saber como Ele pensa e o que Ele quer é necessário para que você possa obedecer, não é?), não esqueça de buscar o terceiro segredo na quinta-feira, na Catedral da Fé, na reunião do Discipulado. É a oportunidade que Deus te dá, pois conforme aprendemos na semana passada, Ele quer se mostrar forte na vida daquele cujo coração é totalmente dele. Se seu coração for totalmente dele, você vai obedecer, e se Deus se mostrar forte em sua vida, meu amigo, qual problema poderá resistir?
Originalmente publicado no Site do Discipulado